domingo, 20 de dezembro de 2009

O assassinato do português
(continuação II)

Enquanto sacolejava na ambulância, o cinquentão, sem entender muito bem se estava acordado ou delirando, ouvia as vozes dos paramédicos, mas às vezes elas lhe pareciam vir de atendentes de telefônicas, TV a cabo, banda larga...
"Fique calmo, senhor. Nós vamos estar providenciando a checagem dos seus sinais."
Mesmo estrebuchando, ele ainda conseguiu pensar: "Mas, afinal, vão checar ou não vão?"


O pior, porém, ainda estava por vir — e justamente no hospital! Ali, algumas pessoas diziam coisas incompreensíveis (ou ele estaria perdendo de vez a consciência?!?).
"Vamos fazer uma eficientização deste atendimento!"
"Mas sem partir para a experimentabilidade!"
"Que tal uma análise integrada de uma micro-simulação com um modelo de equilíbrio geral computável do organismo do doente?"
"Hum-hum."
"Você está de boca cheia? Isso lá é hora de matar a sua famelibilidade?"
"É só um biscoitinho que a enfermeira Suélen me deu. Tem uma crocância..."

Ninguém notou os violentos espasmos do paciente.
(continua)

sábado, 19 de dezembro de 2009

O assassinato do português
(continuação I)

Do outro lado do balcão, a balconista da farmácia olhava-o atordoada. Um rapaz alto e magro, que aguardava a vez de ser atendido, agachou-se junto ao homem estendido no chão e decretou: “Ele precisa de um médico.”

A balconista saiu do estupor. “Vou estar chamando uma ambulância”, disse rapidamente. Sacou um celular do bolso do jaleco e fez a chamada. A essa altura, a vítima babava. Um fio de saliva escorria-lhe pelo canto da boca e descia até o assoalho, onde começava a formar uma poça.

Do outro lado da linha, a atendente do serviço médico de urgência disse alguma coisa. A moça da farmácia repetiu o que ouvira: “Cinco minutos? A ambulância vai estar chegando em cinco minutos? Ótimo!” No chão, a poça de baba aumentou.

Foram quatro minutos, na verdade. Dois paramédicos entraram, carregando uma maca, que desdobraram em gestos rápidos e precisos. Um deles perguntou o que acontecera. A balconista relatou o pouco que sabia: “Ele estava falando comigo e de repente caiu no chão estrebuchando. Não sei o que houve.” O paramédico fez um sinal ao colega, para ajudá-lo a colocar o homem na maca.


Enquanto ajustavam as correias que imobilizavam a vítima, conversavam. O que falara antes começou: “Rapaz, você viu na TV a notícia do garotinho que possuía 50 agulhas enfiadas no corpo? Que barbaridade, hein?!” O outro sacudiu a cabeça em assentimento. O primeiro retomou: “O médico que está cuidando do menino apareceu no Jornal Nacional. Ele disse que a trajetória das agulhas indica uma intenção fatal.” O outro voltou a sacudir a cabeça: muito mal-intencionadas mesmo aquelas agulhas. Na maca, o doente revirava os olhos.
(continua)

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Boas Festas!

A mensagem é do Estadão, mas o Mario assinaria embaixo!
http://www.youtube.com/watch?v=Ocnbhq37PD4

O assassinato do português


Proposta de criação coletiva (coletivo está na moda, pessoal!): ajude a contar esta dramática história!
E aproveite para dar vazão à sua "criativibilidade"!!! Pode ser tão emocionante como "descobrir pela primeira vez", como diz um reclame.


O cinquentão caminhava tranquilo, sem tremas, quando passa na porta da farmácia e lembra que está precisando comprar umas coisinhas. Chega ao balcão e pergunta à mocinha de jaleco: "Por favor, onde ficam os dentifrícios?"
"Hein?!?"
"Os dentifrícios."
"Aqui não vendemos esse negócio, não. O que é isso?"
"Aquele produto para escovar os dentes, ora! Toda farmácia tem!"
"Ah... pasta de dente! Fica naquela prateleira ali e a marca que tem mais refrescância é a..."
O homem começa a ter o que parece ser uma convulsão e a mocinha, acostumada ver o Jornal Nacional, pergunta a um colega: "Será que ele corre risco de morte?"
O homem estrebucha violentamente.
(continua)

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

ELEGÍ A MARIO (tuve la suerte)

a mario merlino, por mago (Adrián Valenciano*)

No me llora ya la sangre
al verte enmudecido,

ahora encuentro en mi mano
tu yo acaecido.
(lo contrario del llanto)

menor, menor hasta la médula
creíste al verme

menor, menor hasta la médula
supe al verte

Tu presencia creciente, firme,
cálida y ligera cual columpio,

y tu voz, esa voz rugosa, ondulada
y llena de azulados,

de vivos azúcares, de olas transparentes,
esa voz que me talla hábitos por dentro,

me talla en decisiones, me talla los valores,
me talla en silencio pero me talla,

porque tú eres para mí, recuerdo sonoro y bullicioso
que dará por siempre intensísimos coletazos.

* O autor, Adrián Valenciano, era amigo de Mario Merlino e vive em Istambul

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Homenagem dia 17



HOMENAJE A MARIO MERLINO
POETA, PERFORMANCER Y TRADUCTOR

PREMIO NACIONAL DE TRADUCCIÓN, PRESIDENTE DE ACE TRADUCTORES, CODIRECTOR DE LA REVISTA VASOS COMUNICANTES


JUEVES 17 DE DICIEMBRE, A LAS 19,30 h. SALA RAMÓN GÓMEZ DE LA SERNA. CIRCULO DE BELLAS ARTES. MADRID



compusierase el amor de todas esas cosas que no arden


Intervendrán:

ROGELIO BLANCO, Director General del Libro, Archivos y Bibliotecas, MARI PEPA PALOMERO, coordinadora de El Trujamán del Centro Virtual del Instituto Cervantes. JUAN MOLLÁ, Presidente de CEDRO y ACE, ANDRÉS EHRENHAUS, vicepresidente de ACE traductores, MARÍA TERESA GALLEGO, presidente en funciones de ACE Traductores, ISABEL GRAÑIEDA, concejala de Cultura de las Rozas,RUTH GABRIEL, actriz, JORGE DE LA HIDALGA, JESÚS GIRONÉS, ALMUDENA MORA Y JAVIER GURRUCHAGA,

y los poetas y escritores:

ANA ROSSETTI, NONI BENEGAS, MARIA ANTONIA ORTEGA, PILAR GONZÁLEZ ESPAÑA, JOSE Mª PARREÑO, JOSÉ LUIS REINA PALAZÓN, GRACIELA BAQUERO, CARMEN POSADAS, JOSÉ TONO MARTINEZ, JESÚS MARCHAMALO Y EDUARDO MENDICUTTI.


Se proyectará la performance realizada por Mario Merlino en la presentación de ST Libro Objeto, en el Ojo Atómico de Madrid, 2004.(grab Laura Amigo-Antonia Valero)